
Pudesse eu ser gota de orvalho em manhã singela,
para no meu olho vítreo, espelhar a realidade que desejo...
Pudesse eu ser brisa cantante de aromas inebriantes,
para encantar de fragrâncias, as ânsias dos cépticos olfactos…
Pudesse eu ser mar de borboletas puérperas em prado florido,
para povoar a imensidão de um tudo-nada que respiramos...
Pudesse eu ser lágrima cristalina de pura fonte,
para encher de vida, as partículas de pó que a água une...
Pudesse eu ser folha de livro que se desdobra e revela segredos,
para que pudesse contar a história do amanhã revivido em doces presentes do hoje que foi...
Pudesse eu ser fina linha de ouro a desenhar letras em papel de prata,
para gravar na precisa lápide do tempo a história do que sou...
Pudesse eu ser maré cheia de gaivotas livres e contentes,
para encher de lágrimas os olhos sorridentes de beatitude...
Pudesse eu ser raio de luz divina que te aquece e conforta,
para que a saudade não ocupe o espaço que o meu amor conquistou...
Pudesse eu ser....
...apenas eu...
...no local onde a verdade e a ternura se encontram...
...e se fundem com a realidade e a certeza do que tu és...
Pudesse eu ser...
...apenas eu...
...para ser tu...
...num só...
Pudesse eu ser...
...apenas nós...
...sem laços,
sem amarras,
livres e unos...
apenas Nós...