
Permaneço nesta praia como grão de areia indefeso que se molda, maré após maré, e se torna parte de Ti...
Flutuo nesta brisa como partícula desse ar imenso que abraça e revolta, que ama e destroi, que vai e volta e sossega onde estou...
Mergulho nesta onda de maré cheia como gotícula de água que se mistura e se multiplica, em simbioses sem fim, de vidas e seres, rumo a Ti...
Cerro as persianas da alma e vejo a Tua luz...brilhante...cintilante...chamando-me!
Tranco a porta do sentir, fecho as portadas do agir, prendo as evasões do ouvir e regresso ao casulo de sonhos, dessa borboleta colorida...
Regresso e permaneço.
Fecho e não mais abro.
Agora pertenço-Te.
Se os prados por onde voei foram parcos, quisera poder ter aproveitado esses meus momentos de liberdade!
Se as brisas que rasguei com as minhas asas de cor foram escassas, quisera poder ter sabido que cada uma era única e irrepetível!
Se as flores que beijei foram boas, quisera ter sabido procurar as ainda melhores!
Se a vida que durou foi curta, quisera ter aprendido que o precioso é efémero!
Não!
Deixa-me voltar!
Preciso de esgotar a força que ainda me resta e abrir as asas ao vento, perdendo-me na sua magnitude.
Prometo regressar, a Ti, mas deixa que os segundos fugazes, que o teu relógio controla com precisão inquestionável, se transformem em dias de plenitude e paz interior...
Eis o sopro!
Eis o Sol!
Eis a praia!
Eis...a VIDA!